O centro histórico de Florença é o segundo centro histórico italiano protegido pela Unesco (1982), depois de Roma (1980); e o quarto bem da lista geral de 49 bens tombados na Itália.
A Firenze romana
Ocupada em 59 a.C. pelos romanos e concebida como acampamento militar às margens do rio Arno, Florença (Firenze em italiano) apresenta uma conformação urbana ainda hoje perceptível pela sua malha quadricular e dividida pelos eixos cardus e decumanos, respectivamente as principais vias norte-sul e leste-oeste, fundamentais na conformação urbana das colônias romanas.
A toponímia em algumas áreas da cidade é facilmente perceptível na porção oriental da cidade dantesca bem como nas proximidades do rio Arno.

Localizada na porção sul da antiga cidade romana, a Piazza della Singoria palco de feitos históricos da cidade de Florença é considerada um verdadeiro museu a céu aberto e ainda hoje sedia manifestações e festas tradicionais da cidade.
O periodo medieval
No século XIII Florença è um dos centros econômicos mais importantes da Europa com aproximadamente 100.000 habitantes e graças e este desenvolvimento a cidade ganha um “piano regolatore” supervisionado por Arnolfo de Cambio que é quem “redesenha contemporaneamente o centro e a periferia”.[1]
Arnolfo de Cambio é assim neste período o arquiteto responsável pelo projeto do Palazzo dei Priori (atual Palazzo Vecchio), bem como por outras edificações importantes da cidade como a Catedral Santa Maria del Fiore e a Igreja de Santa Croce.
O Palazzo Vecchio edificação dominante na Piazza della Signoria marca o polo destinado à vida civil, mantendo sua função de sede política e administrativa até os dias atuais (hoje funciona como sede da prefeitura de Florença e do Museu do Palazzo Vecchio).

Ao longo do século XIV a praça garante sua conformação durante a construção do palácio público que só é possível graças à demolição de edifícios medievais pré-existentes.
Além do palácio público a outra edificação arquitetônica que estabelece a conformação deste espaço urbano como um grande museu a céu aberto é a “Loggia della Signoria” construída entre o terceiro e quarto quartéis do século XIV com o intuito de garantir lugar às cerimônias públicas e arengar a multidão durante os eventos oficiais, definindo o aspecto da praça como espaço cívico e político.
Certamente este objeto arquitetônico representado pela loggia, antecipa a utilização de elementos da arquitetura renascentista, como é o caso do arco pleno, e serve de inspiração à Brunelleschi que ali cresce.

Giotto, no inicio do século XIV é capomastro do Duomo de Florença na concepção de seu campanário gótico , mas sera brilhante como grande pintor atuando na aplicação na de uma perspectiva intuitiva, se posicionando quase como um antecipador da revolução renascentista, com um pensamento inovador e de uma expressão mais real e naturalistica.
O Renascimento
Se pensarmos no movimento artístico que se desenvolveu em Florença no período que antecipa a primeira fase do Renascimento e nas primeiras décadas do século XV, é possível destrinchar no mínimo alguns dos momentos mais importantes do período artístico.
Donatello que já nos primeiros anos vai à Roma em companhia de Brunelleschi para estudar os monumentos “antigos” já tendo sido contratado para desenvolver alguns trabalhos para a Catedral Santa Maria Del Fiore, e ainda, com Masaccio na produção da celebre Trinità na Igreja de Santa Maria Novella, que de forma brilhante e pioneira aplica na pintura os estudos brunelleschianos relativos à perspectiva.
Este complexo espaço que é a praça dialoga com as obras primas da escultura renascentista presentes atualmente e datadas entre os séculos XV e XVI (originais e cópias), locadas em momentos históricos diferentes, e que são de fundamental importância para a concepção atual deste espaço urbano. Só para citar algumas delas: o Perseo de Benvenuto Cellini, o Rapto das Sabinas do maneirista Jean de Boulogne, o grupo escultórico de Hercules e Caco de Baccio Bandinelli. As demais esculturas localizadas na Loggia della Signoria, com exceção da base do Perseo, são originais ou cópias romanas de originais gregos.
Estatuas da Loggia della Signoria
O espaço assim cria sua imagem, como uma monumental galeria de esculturas, posicionadas não somente em frente ao Palazzo Vecchio, mas também dentro do espaço conformado pela loggia que no final do século XVIII recebe seus últimos exemplares antigos, entre eles esculturas romanas provenientes da Villa Médici de Roma.
[1] BENEVOLO, 1993, p. 53.
Fotos e texto de Luciana Masiero. Texto parcial do artigo da autora publicado no Forum do Patrimonio: Paisagem 2014.